“E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14:24)
Quero convidá-lo para uma caminhada. Entre outras coisas, a Bíblia é uma lista de caminhadas inesquecíveis. A primeira foi dada pelo próprio Deus, que, como sabemos, costumava caminhar pelo jardim na hora mais fresca do dia. Via de regra, porém, Deus convidava alguém para caminhar com ele.
Houve a difícil caminhada empreendida por Abraão com seu filho Isaque à região de Moriá. A caminhada libertadora de Moisés, acompanhado dos israelitas, por um terreno normalmente ocupado pelo mar Vermelho, e a penosa caminhada que o fez vagar pelo deserto por quarenta anos. Houve a caminhada triunfante de Josué ao redor de Jericó, a caminhada reveladora dos discípulos para Emaús, a caminhada interrompida de Paulo para Damasco. E também uma caminhada tão triste e santa que recebeu nome próprio: do Pretório ao Gólgota, denominada Via Dolorosa.
Mas talvez a caminhada mais inesquecível de todas tenha sido feita por Pedro no dia em que saiu do barco e andou sobre as águas. Inesquecível não tanto pelo lugar em que aconteceu como pelo lugar sobre o qual Pedro andou e por quem o acompanhou. Acho que foi a melhor caminhada de toda a sua vida.
A caminhada de Pedro serve de convite para todos os que, como ele, querem dar um passo de fé e experimentar mais do poder e da presença de Deus. Que andar sobre as águas seja metáfora para fazer, com a ajuda de Deus, aquilo que seria impossível por meios próprios. Como isso pode acontecer? As Escrituras apresentam um padrão muito bem delineado do que ocorre na vida que Deus quer usar e melhorar:
Há sempre um chamado. Deus pede a uma pessoa comum um gesto de extraordinária confiança, ou seja, sair do barco.
Há sempre medo. Deus tem o hábito inabalável de pedir às pessoas coisas que as amedrontam.Aquilo que eu acho que sei, me faz me sentir independente de Deus .Pode ser o medo da inadequação (“Nunca tive facilidade para falar”, disse Moisés), o medo do fracasso (“A terra para a qual fomos em missão de reconhecimento devora os que nela vivem”, exclamaram os homens enviados à terra prometida) ou talvez até medo de Deus (“Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou”, alegou o servo na parábola de Jesus). Mas de uma forma ou de outra o medo estará presente.
Há sempre encorajamento. Deus promete estar presente (“O Senhor está com você, poderoso guerreiro”, assegurou o anjo a Gideão, um homem a quem com certeza ninguém jamais se referira dessa maneira). Deus também promete dar todos os dons necessários para cumprir sua tarefa (“Eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer”, ele afirmou ao apavorado Moisés).Se Deus chamou é porque Ele sabia que era seguro. Ele conhecia o caminho.
Há sempre uma decisão. Às vezes, como no caso de Moisés e no de Gideão, as pessoas dizem sim ao chamado de Deus. Outras vezes, como aconteceu com os dez espias assustados[pesquisar], ou com o jovem rico que conversou com Jesus, dizem não. Mas sempre se tem de decidir.
Há sempre uma vida transformada. Quem diz sim ao chamado de Deus não caminha com perfeição — não mesmo. Mas, por ter dito sim ao Senhor, aprende e cresce até com os próprios fracassos e torna-se parte de suas ações para redimir o mundo.
Quem diz não também é transformado. Torna-se um pouco mais duro, um pouco mais resistente ao chamado, um pouco mais pronto a dizer não da próxima vez. Qualquer que seja a decisão, ela sempre transforma a vida da pessoa — e o mundo com que essa vida está em contato.
Creio que esse padrão das Escrituras é válido ainda hoje. Creio haver aspectos de nossa vida em que Deus nos chama para caminhar com ele e para ele. E que, ao dizermos sim a seu chamado, é acionada uma dinâmica divina muito superior à capacidade humana.Quando eu digo sim jogo por terra toda “capacidade humana” fico na dependência do Senhor. Talvez se relacione com nosso trabalho, ou com alguma coisa que coloque em risco nossos relacionamentos, ou com um dom que poderíamos desenvolver, ou com recursos que poderíamos oferecer. É provável que implique enfrentar nossos piores medos. Com certeza penetrará até a medula de quem somos e do que fazemos.
Quando entregamos nossos problemas a Jesus, nos aproximamos dEle e nosso medo é vencido. O perfeito amor lança fora todo o medo, pois como diz as Escrituras: “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” (I João 4:18) O perfeito amor, que vem da comunhão com Jesus, lança fora todo medo em nossas vidas. O medo paralisa as pessoas, mas em contrapartida, a fé em Jesus nos faz agir, nos faz mudar de atitude.
Quando os discípulos ouviram o que Jesus havia ensinado, a respeito de ter mudança de atitude, Pedro imediatamente teve uma atitude diferente do que se acovardar diante do que não conhecia e pediu para que Jesus também o fizesse andar sobre as águas, vencendo definitivamente o fantasma. Pedro teve coragem, mas o que levou ele a afundar?
- Teve medo do vento contrário. . Pedro já havia aprendido a andar firmado sobre a palavra de Jesus, quando o obedeceu e vivenciou a pesca maravilhosa (Lc 5). Quando Jesus disse que ele podia andar sobre as águas foi fácil. Foi só colocar em prática o que ele já tinha aprendido, andar firme sobre a palavra. Mas Pedro teve medo de algo que ele não tinha capacidade de lidar, algo novo. Algo fora de sua “especialidade”. E frente àquela situação Ele sucumbiu diante de algo que ele não conhecia.
- Pedro conseguiu andar sobre as águas a tal ponto que estava muito perto de Jesus, pois quando afundou nas águas, Jesus apenas estendeu a mão e o salvou. Pedro afundou porque tirou o foco de Jesus e olhou para o vento e para o agito das águas. Se ele tivesse permanecido olhando para Jesus não teria afundado.
Não tenha medo de enfrentar as coisas novas, Jesus está com você. Enterre o seu passado, suas derrotas e seus fantasmas, uma vez que “aquele que está em Cristo é nova criatura, e as coisas velhas já passaram, e tudo se fez novo” (2 Co 5:17). Confronte os seus medos, problemas, pois o poder de Deus está operante em você. Não se preocupe se você não sabe, não domina ou não é sua especialidade o problema que está enfrentando. Jesus é especialista em todos os problemas. Tenha o foco em Jesus e você será uma pessoa bem sucedida.
Sugestão de leitura livro: Venha andar sobre as águas. (Editora Vida).
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Publicado em: 2007-10-29
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